Clínica Geral
Por Carlos Augusto Pinto
No governo Agnelo Queiroz
(PT) foram investidos mais de cento e vinte milhões de dólares (perto de R$ 300
mi) na compra de equipamentos para o Corpo de Bombeiros do DF, graças a
projetos iniciados ainda no governo Arruda e avalizados pelo Ministério da Justiça.
O GDF pegou uma “carona” em um edital do MJ e rompeu o cartel de empresas
brasileiras que insistiam em neutralizar qualquer compra de equipamento
estrangeiro. Como? As poucas fábricas brasileiras soltavam dinheiro sujo em
quase todo o país. Entre 2006 e 2011 o Governo Federal, através do Tesouro, distribuiu
recursos em todas as áreas de segurança porque os Jogos Pan Americanos e,
adiante a Copa do Mundo, se aproximavam.
Centro do Poder, Brasília,
governo local, tratou de encomendar o que de mais moderno existia em
equipamentos motorizados e peças individuais no mundo. Sim, no mundo. A
corporação conseguiu customizar todos os caminhões, algo que só se vê no
Oriente Médio. Conseguiu autorização para abrir concurso público permitindo a
entrada de mais de dois mil bombeiros militares nos anos seguintes. Conseguiu
verba para padronizar todos os quartéis (derruba e levanta) e criar outros
tantos. Os editais foram elogiados até no Ministério da Justiça. Mas faltava
alinhar os salários dos Bombeiros de Brasília. Conseguiram.
E o material começou a
chegar. A Praça do Buriti foi eleita o “centro de exposição”. Agnelo e Tadeu (o
vice) começaram a se acostumar a atravessar o Eixo Monumental para festejar as
compras. Os caminhões para transporte de tropas fabricados na Alemanha
(chique…) foram os primeiros a chegar em Brasília. Mas, desde o início de 2014
dezenas de caminhões Pierce, fabricados nos Estados Unidos (foram perto de 120
dias) estavam retidos no Porto de Santos porque a empresa responsável pelo
transporte não queria pagar as sobretaxas que os portuários exigem (o famoso
por fora) para apressar a liberação. O tamanho da empresa responsável não
condizia com o tamanho da compra: QUINHENTOS MIL DÓLARES custou cada um dos
trinta caminhões moderníssimos. Façam as contas, incluindo a maresia.
E quando os estados
acordaram para as compras dos Bombeiros do DF, a bola já estava prestes a
rolar. Aí chegaram dezenas de caminhões de combate a incêndio florestal
fabricados pela Jacinto (Portugal) , que também operam em área urbana. Os
melhores do mundo. O próprio dono, sr. Jacinto, esteve duas vezes em Brasília
para defender o seu marketing pessoal, afinal quem não quer ver os seus
produtos em uma Copa do Mundo? E pagos à vista.
As vésperas da Copa foram
expostos na entrada do Mané Garrincha os caminhões americanos e as novas
escadas Magirus (alemães), que alcançam prédios de até 20 andares em menos de
dois minutos. Os Pierces foram recolhidos porque não era fácil manejá-los e os
caminhões portugueses se tornaram uma incógnita: e se o mato não pegar fogo?
Melhor guardá-los…
A Copa passou e lá vieram os
caminhões identificados pela sigla: ASE, de socorro e salvamento, algumas
dezenas de viaturas, fabricadas na Espanha, na Yturri. Misturam- assim como os
Pierce – água e espuma. Custaram perto de TREZENTOS MIL DÓLARES, cada um (vinte
e dois ao todo). Os melhores da Europa e Ásia. Não é para qualquer país.
Dilma se reelegeu, Agnelo
caiu fora e, na surdina, os Bombeiros investiram os últimos recursos em escadas
francesas fabricadas pela Gmaex, festejadas em qualquer lugar do mundo pela sua
mobilidade: alcançam até o oitavo andar de um prédio e giram facilmente para
socorros em áreas colapsadas ou inundadas. Mas quando chegaram, Rodrigo
Rollemberg já havia assumido o trono explosivo deixado por Agnelo. Tudo pago,
mas e os quartéis? E os recursos para comprar óleo? E o Centro de Manutenção? E
a empresa que foi montada no Riacho Fundo só para atender a demanda de
caminhões comprados em outros países?
O comandante-geral do Corpo
de Bombeiros do Distrito Federal, o jovem Hamilton Esteves Junior, 43 anos, boa
herança (das poucas) do governo Agnelo precisa dizer ao seu Chefe Maior o que
está se passando na corporação tão estimada por todos, antes que o Ministério
Público Federal o faça. Viaturas caríssimas subutilizadas. Rodrigo não merece
que essa bomba estoure no colo dele. Muito menos nós, contribuintes.
Carlos
Augusto Pinto é Jornalista Profissional – MTPS RJ 1184JP SJPDF 1759, foi
repórter das rádios Tupi e Nacional (Rio), Globo (SP) , Jornal do Commercio,
Última Hora e Jornal dos Sports (Rio); Manchete (Rio e Recife), Fatos,
Ele & Ela, Tendência (Rio); repórter político desde 1987 em Brasília.
Soltou pipa, foi baloeiro, jogou bola de gude, frequentou o Maracanã e as noites
da saudosa Cidade Maravilhosa. E escreve como colaborador neste blog, assinando
a coluna Clínica Geral.
Fonte: Blog do professor
chico
Na teoria ótimo. Na prática quando esses caminhões serão utilizados? Quase nunca.
ResponderExcluirViaturas de 1º mundo e salários de 3º, enfim, a máquina vale mais que Homens, só aqui no Brasil varonil mesmo.
ResponderExcluirE o desvio ficou em quanto? foi calculado?
ResponderExcluirTem que comprar o tem de melhor mesmo, agora quando você vai salvar uma vida eu pelo menos eu quero o melhor não o pior. Combate a incêndio não é só jugar agua se não precisaria de bombeiro.
ResponderExcluirNa verdade isso é uma lição para outros orgãos de como executar bem um orçamento. Tudo isso foi comprado com o orçamento do CBMDF, a diferença é que o CBMDF executa com eficiência seu orçamento, como exemplo cito o ano de 2014 , onde só restou R$ 10.000, 00 , ou seja quase nada para ser executado. Para que não sabe o CBMDF é citado como exemplo pelos orgãos de controle no que se refere ao processo de contratação.
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