“DF está preparado para a Copa”, garante Sandro Avelar

No ano de 2012, a polícia do Distrito Federal levou para a prisão cerca de 11.500 pessoas que cometeram algum tipo de crime. Entretanto, desse número, aproximadamente 60% eram de reincidentes. Ou seja, já haviam cometido outro crime. “A legislação é muito falha nesse sentido”, opinou o secretário de Segurança Pública do DF em entrevista ao jornal Guardião Notícias.

Apesar da redução da criminalidade, a população ainda se sente insegura. Porém, o secretário afirma: “a segurança está sob controle”. E para as copas das Confederações e do Mundo, o DF estará preparado. Para obter esta estabilidade, Avelar ressaltou a contratação de mais policiais militares. Foram mil convocações em 2011, mais mil em 2012 e a previsão de mais mil e quinhentos para este ano.

Em relação aos homicídios no DF, o secretário garante que são normalmente acerto de contas. “O perfil do assassino e da vítima é o mesmo. Algumas vezes, o da vitima é pior”, explica. Confira os melhores trechos da entrevista com o secretário de Segurança Pública do DF, Sandro Avelar.

Guardião Notícias - O DF está preparado para receber os grandes eventos esportivos?

Sandro Avelar - Sem dúvida alguma nós estamos preparados. A gente tem praticado o policiamento integrado. Temos aproveitado as oportunidades. Por exemplo, no aniversário de Brasília no ano passado e neste ano colocamos os Bombeiros, Detran, policias Militar e  Civil para poder desde o início do planejamento das operações já fazerem isso juntos para se acostumarem.

Guardião Notícias - Houve investimentos físicos para isso?

Avelar - Estamos adquiridos câmeras de vídeos que serão espalhadas por todo o Distrito Federal.Estamos montando nosso centro de comando e controle que vai funcionar aqui na secretaria. Estamos confiantes que não só nos eventos nós vamos ter grande tranquilidade, como principalmente deixaremos um grande legado para a população.

Guardião Notícias - Apesar dos números dos índices de criminalidade ter reduzido neste ano, a população ainda se sente insegura. O que falta para resolver esta questão?

Avelar - Sempre que a gente tem a chance de conversar com a comunidade aproveitamos a oportunidade para mostrar que a segurança pública do DF está indo bem. Está sob controle. Hoje nós temos a realidade do DF diferente do que tínhamos há pouco tempo atrás. Houve uma explosão demográfica no DF para que tivéssemos a população aumentada de uma maneira bastante rápida. Considerando os moradores do Entorno [desde 1993] a população salta para quase cinco milhões de pessoas. O efetivo ainda é o mesmo, mas em fase de crescimento.

Guardião Notícias - O senhor disse em fase de crescimento. O que isso quer dizer em números?

Avelar - Conseguimos fazer um concurso público e demos posse a mil policias no ano passado, mais mil agora em 2013 e em 2014 mais mil e quinhentos. A nossa ideia é incrementar os quadros da policia militar e também da polícia civil. Conseguimos a aprovação do projeto encaminhando pelo governador criando 3.029 cargos de policiais civis. Isto é uma forma da gente se adequar a essa nova realidade, que é Brasília como a terceira maior metrópole.

Guardião Notícias - E o que a secretaria tem feito para melhorar esta sensação de segurança?

Avelar - O Comando-Geral da Polícia Militar está retornando com as duplas Cosme e Damião e fazendo a redistribuição das viaturas novas, que também tem a intenção de atingir as áreas rurais do DF. Hoje eu acho que a população já reconhece que os policiais militares estão sendo vistos nas ruas. A nossa política de segurança que é preventiva passa pela visibilidade que ela tem que ter.

Guardião Notícias - O governo conseguiu reduzir o número de homicídios, mas ainda é assustador.

Avelar - Nossa média é histórica [a de dois homicídios por dia]. A gente tem conseguido reduzir esses dados. Os homicídios estão ocorrendo dentro de um grupo que o perfil do autor e da vítima é absolutamente igual. São pessoas envolvidas no mundo do crime. Grande maioria trata de acerto de contas, especialmente envolvendo o tráfico de entorpecentes.

Guardião Notícias - O processo de pacificação nas favelas do Rio de Janeiro fez com que a estrutura do crime de lá tenha se transferido para o DF?

Avelar - Aqui no Distrito Federal a gente conseguiu se manter distante daquela distribuição que foi feita dos criminosos que fugiram do Rio de Janeiro. Muitos foram para o Espírito Santo, para Bahia, Minas Gerais. Em Brasília conseguimos impedir que viessem. Mas a gente tem convivido com esse problema que é muito sério. O problema do tráfico de entorpecentes abrange todo o Brasil, especialmente o crack.

Guardião Notícias - Há como tirar os usuários das ruas?

Avelar - A gente ficou a mercê em razão da legislação que eu considero frágil. Hoje para o usuário de drogas não existe uma previsão de pena, de reclusão de detenção deste cidadão. Ele é um caso de saúde pública que envolve uma série de áreas do GDF que trabalham para tratamento desses cidadãos.

Guardião Notícias - Então a legislação atrapalha?

Avelar - O usuário é objeto do seguinte procedimento no que se refere à esfera criminal. Aborda-se o usuário, o conduz até à delegacia. Ele é ouvido rapidamente no termo circunstanciado e é colocada de volta nas ruas dez minutos depois. É o que nos impõe a legislação e realmente para nós é um problema muito sério.

Guardião Notícias - O que o senhor pensa em relação a legislação para os menores?

Avelar - Os números mostram que está aumentando a criminalidade com menores. Em muitos casos eles estão liderando. Tenho convicção de que a maioridade penal deve ser rediscutida no Congresso Nacional. As estatísticas criminais demonstram isso.

Guardião Notícias - Pode se dizer que o sequestro relâmpago acontece pela falta de policiamento nas ruas?

Avelar - O sequestro relâmpago, quase 90% se trata de roubo de automóvel. Por isso que se trata de roubo com restrição da liberdade. O autor desse crime é aquele acara que rapidamente quer fazer dinheiro para sustentar muitas vezes seu vício ou para pagar alguma dívida. Ele quer sair rápido com o carro, pega as coisas que estão dentro e abandona o veículo logo depois. Tanto que o índice de recuperação de carros no DF é o mais elevado do Brasil. A gente recupera mais de 70% dos carros roubados. No ano passado, por exemplo, de dez mil carros roubados, a gente recuperou 7.600. A média nacional é de 20%.

Guardião Notícias - Fala-se muito que as instituições policiais são pautadas pela política. Esta é ainda uma realidade nas instituições policiais do DF?

Avelar - Acho que talvez esse seja mais um dos principais legados que esta gestão vai deixar para a população, no que diz respeito a segurança pública, que é a mudança desse tipo de mentalidade e a criação de uma polícia republicana. A polícia que nem protege e nem persegue.

Por João Zisman e Elton Santos - Da Redação - http://guardiandf.com.br