O dia 18 no programa da
Rádio Comunitária Livre FM, apresentado pelo subtenente da Polícia Militar João
Hermeto, ex-administrador da Candangolândia foi carregado de emoções.
O programa trouxe a história
do Cabo Marivandro, reformado da corporação há 13 anos atrás e desde junho do
ano passado reintegrado novamente aos quadros da instituição, depois de muita
luta e uma peregrinação de 142 idas ao comando geral da PM.
Segundo Marivandro, na época
de sua exclusão as coisas dentro da corporação eram muito difíceis. Os códigos
e regulamentos eram aplicados ao pé da letra sem dó e piedade. Qualquer
deslize, por menor que fosse, era punido com rigor.
Nesse período Marivandro
teve uma decadência muito grande. Se envolveu com o alcoolismo e isso passou a
interferir diretamente no seu dia-a-dia como policial. Os atrasos e as faltas
ao serviço acabaram por lhe custar punições uma atrás da outra, culminando com seu
indiciamento e julgamento num Conselho de Disciplina (colegiado que decide pela
permanência ou não da Praça na corporação), que optou pelo desligamento do
mesmo das fileiras da corporação.
O fato caiu como uma bomba
para Marivandro. As consequências do vício o levaram não só a perder o
trabalho, mas também a própria família. Amigos o abandonaram e o que antes era
pra ser um sonho de ascensão na carreira se transformou num enorme pesadelo.
Sem chão e sem rumo, o agora ex-policial procurou ajuda psicológica e
espiritual, caminhos que lhe restaram diante do quadro.
Acolhido por uma instituição
beneficente (Comunidade Terapêutica Só Por Hoje) que trata dependentes
químicos, Marivandro ao mesmo tempo em que se tratava retribuía o gesto
vendendo “melzinhos e balinhas” dentro dos ônibus que circulavam dentro e para
fora de Brazlândia como forma de sustento seu e de sua família. Em suas mãos
carregava um par de coturno e contava sua história. Dizia aos passageiros “hoje vocês me veem carregando esse coturno
nas mãos, mas amanhã, em Nome de Jesus, o verão novamente calçados nos meus
pés, pois Deus é justiça”.
O tempo foi passando e
Marivandro se converteu. O trabalho de caridade que fazia dentro dos ônibus
para ajudar a instituição beneficente o transformou numa pessoa muito conhecida
dentro da cidade. Brazlândia em peso reconhece a luta do “PM das balinhas”,
como era conhecido.
Desejo
de continuar o trabalho
Marivandro tinha um sonho,
que ontem se transformou em realidade ao vivo: Continuar seu trabalho de
caridade vendendo as balinhas dentro dos ônibus. Ao ser reintegrado às fileiras
da corporação, as exigências foram de que essa atividade não poderia mais
acontecer, sob risco de infringir os regulamentos e o pudonor da classe. Era
uma barreira muito grande a ser ultrapassada pelo Cabo. A gratidão pela
recuperação de sua vida dependeu exclusivamente da misericórdia de Deus e do
acolhimento da instituição de caridade. Ele precisava dar prosseguimento para
ajudar a tantas outras pessoas, assim como foi ajudado.
Os argumentos, do agora
novamente policial Cabo Marivandro, não foram suficientes para convencer o
Departamento de Pessoal da corporação. Mas, ao vivo, cobramos uma posição do
Comandante Geral da Polícia Militar, coronel Nunes, que com toda sua
autoridade, sapiência e espírito humanitário que sempre demonstrou, assumiu
para si a responsabilidade de decisão e autorizou
Marivandro a continuar seu trabalho, desde que em suas horas de folga e sem a
utilização da farda.
O resto, não precisamos
comentar.
Da redação,
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