Governo
do Distrito Federal e Câmara Legislativa buscam consenso
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Distritais estudam
desmembrar a medida em três partes. Especialistas demonstram que junção de
fundos não deu certo em outros Estados.
Mudanças, discussões, quedas
de braço, reuniões. Nada está definido em relação às alterações na Previdência
dos servidores do DF. O fim de semana será intenso tanto para o Legislativo
local quanto para o Executivo. Os dois lados trabalharão para concluir a
terceira versão do substitutivo ao Projeto de Lei Complementar nº 122/2017. Ele
é considerado um ponto de pacificação entre os poderes, mas ainda encontra
resistências e precisa de ajustes.
Enquanto o GDF sofre para
aceitar que a nova proposta exclui a união dos fundos do Instituto de
Previdência dos Servidores do DF, a Câmara conversa com especialistas e
representantes do setor produtivo e se prepara para desmembrar a reforma da
Previdência local em três partes. A ideia é votar na próxima terça-feira (19/9)
uma proposta que evite o parcelamento de salários dos servidores públicos e
resolva o problema imediato de caixa do Executivo. Essa primeira medida depende
dos deputados e do Supremo Tribunal Federal (STF). A votação na CLDF só
acontece se a liminar que a suspendeu for derrubada pela Suprema Corte.
A segunda medida, já
iniciada pelos parlamentares, é analisar e votar, em até 60 dias, a criação da
Previdência complementar, que limita as aposentadorias ao teto de R$ 5,5 mil. A
terceira é fechar uma solução que dê sustentabilidade a longo prazo ao Iprev.
Entre as opções estudadas, está passar para a administração do instituto o
Centro de Convenções Ulysses Guimarães, o Estádio Nacional de Brasília Mané
Garrincha ou até aprovar, sob a tutela do Iprev, o projeto de criação da Zona
Azul. Ele prevê a criação de estacionamentos pagos no centro de Brasília.
“Nossa maior preocupação é
dar sustentabilidade ao processo a longo prazo. Esse projeto substitutivo
resolve uma questão pontual até o fim de ano que vem. E depois? A ideia do
Centro de Convenções, da Zona Azul e do Estádio é para gerar novas fontes de
recurso. Se não, o problema continua”, afirmou o presidente da CLDF, Joe Valle
(PDT).
Segurança
Especialistas ouvidos pelo
Metrópoles consideram os sistemas previdenciários, em geral, fadados ao
colapso, pois foram criados em uma realidade e se mantêm em outra. “Não é só
uma questão de cálculos atuariais mal feitos. É uma discussão profunda. A
junção dos fundos é ruim, mas a ideia de dar sustentabilidade ao instituto, de
ele gerar renda como administrador, caminha para a sustentabilidade a longo
prazo”, afirmou o consultor em Previdência Pedro Paulo Albuquerque.
Para o consultor, buscar o
autofinanciamento dá segurança jurídica e evita, por exemplo, empréstimos
anuais do governo da “poupança” que o servidor forma para se aposentar. As duas
propostas a serem votadas na próxima terça-feira (19) não têm previsão de dar
essa sustentabilidade.
PLC
do governo
O primeiro projeto
apresentado pelo Executivo é o PLC nº 122/2017. Ele prevê a junção do Fundo
Financeiro (FF) com o Fundo Capitalizado (FC). Hoje, o FF mantém os aposentados
que entraram nos quadros do governo até 31 de dezembro de 2006. Com 58 mil
beneficiários e 52 mil servidores da ativa contribuintes, a reserva fechou 2016
com um rombo de R$ 2,1 bilhões.
Já o FC tem 34 mil
funcionários da ativa contribuintes, que custeiam a aposentadoria de apenas 152
pessoas. Todos eles ingressaram no serviço público após 31 de dezembro de 2006.
Nesse caso, o superávit é de R$ 4 bilhões.
O projeto é considerado ruim
por quatro especialistas ouvidos pelo Metrópoles. Eles têm como exemplo outros
estados que fizeram a mudança e não viram as contas melhorarem.
O argumento do GDF é que a
incorporação sanearia os cofres públicos. No entanto, em 2015, Rio de Janeiro,
Minas Gerais e Paraná fizeram mudança similar no regime previdenciário e uniram
as massas ou parte delas. Menos de dois anos depois, os Estados atrasaram ou
parcelaram os salários e benefícios de servidores.
“A segregação dos fundos
começou em 1998 por um motivo: dar sustentabilidade aos novos fundos. Unir as
massas é confiscar o dinheiro dos servidores. É quebrar um equilíbrio
financeiro e atuarial já conquistado”, afirma o especialista e presidente do
Fundo Paraná, Renato Follador.
Ele enfatiza que, no Paraná,
não houve resultados positivos com a mudança em 2015. “Aqui nós migramos 33 mil
servidores do Fundo Financeiro para o Fundo Previdenciário [capitalizado]. A
previsão inicial era de uma sustentabilidade de 29 anos, agora caiu para 23.
Além disso, o dinheiro da Previdência derrete a cada dia. Alguém terá que pagar
a conta depois. E esse alguém será o Estado”, disse.
O
substitutivo em construção
Como o governo alega ter um
déficit mensal de R$ 170 milhões para pagar aposentados do Fundo Financeiro, o
novo texto prevê uma divisão dos recursos para custear esse montante. Pela
proposta, R$ 60 milhões virão dos rendimentos do Fundo Capitalizado de 2016,
2017 e 2018. Outros R$ 90 milhões serão oriundos da contribuição patronal,
feita pelo governo. E R$ 20 milhões mensais serão de recursos da União, de
dívidas passadas com o Distrito Federal.
A nova proposta em
construção não prevê junção de fundos, nem vota a criação de uma Previdência
complementar, como previsto no PLC nº 122. Esse assunto seria analisado
separadamente.
“Ainda vamos fazer algumas
reuniões para discutir o projeto. Nele também está prevista a destinação de 50%
das receitas não tributáveis para recomposição dos fundos. O Executivo mantém a
posição de que o inicial é melhor, mas o substitutivo distensiona as relações e
dá mais tempo para discutirmos uma reforma da Previdência”, afirmou o líder do
governo na CLDF, Agaciel Maia.
O texto que está sendo
costurado veda ainda a privatização de empresas públicas, como a Companhia
Energética de Brasília (CEB) e a Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb).
Fonte: Metrópoles.com
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