Roberto Sá
criticou as progressões de regime para presos que cometeram assassinatos. Em
2016, 124 PMs foram mortos no estado do Rio
O secretário de Estado de
Segurança do Rio, Roberto Sá, defendeu neste domingo (20/11), um “novo pacto”
para enfrentar a crise de segurança pública que afeta o país. Ele criticou as
progressões de regime para presos que cometeram assassinatos. Na tarde de
domingo, Sá participou do velório
coletivo de três dos quatro policiais militares mortos na queda do helicóptero,
no sábado (19), na Cidade de Deus.
MAIS
SOBRE O ASSUNTO
Em 2016, 124 PMs foram
mortos no estado do Rio, dos quais 33 estavam em serviço. De acordo com o
Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança, em 2015 foram 87. Desses, 23 estavam
trabalhando. “A polícia sangra”, disse Sá.
Ontem eu começava
lamentando as mortes de cinco policiais militares (quatro morreram na queda do
helicóptero na Cidade de Deus e outro em um ataque no Méier, zona norte), e
hoje eu começo lamentando as mortes dos nossos 124 policiais militares neste
ano. São 33 em serviço. É inaceitável o tanto de policiais que morre no Brasil.
Mas também é inaceitável o número de mortes violentas por causas externas de
todas as pessoas.
Qual
a análise que o senhor faz desse momento?
Eu sempre falei, mas
infelizmente essa fala não encontra eco: a gente vive no Brasil uma crise de
segurança pública. E a gente tem de rever, tem de ter um novo pacto. A polícia
sangra. Nós temos verdadeiros heróis morrendo de forma anônima todos os dias Ontem
tivemos mais cinco. Eu já perdi a conta de policiais que eu já enterrei na
minha vida profissional. O que eu digo para uma família de um policial que se
foi? Não aguento mais entregar quepe e bandeira para mãe, mulher e filho de
policial.
Qual
é a sua proposta?
Nós temos de decidir no
Brasil o que nós queremos para o criminoso violento, aquele que tira a vida de
alguém. Quanto tempo vocês acham que essa pessoa tem de ficar presa? Temos de
rever tudo. Presos que cometem pequenos furtos têm de ter medidas alternativas.
Pessoas que tiram a vida de alguém têm de ficar presas muito tempo, sim. O
(traficante) Fu da Mineira (Ricardo Chaves de Castro Lima) e o (também
traficante) Claudinho (Cláudio José de Souza Fontarigo), somando a pena dos
dois, foram condenados a 160 anos, mas saíram (do Presídio Federal de Porto
Velho) para visitar a mãe e tocaram o terror. Até quando vamos enterrar
inocentes por esse quadro no Brasil? Eu peço à sociedade para exigir discussão
nacional sobre o que fazer com quem tira a vida dos outros.
Os
policiais no helicóptero foram mortos a tiros?
O laudo de autópsia da
perícia já saiu. Não há perfuração por arma de fogo nos corpos. A perícia na
aeronave está sendo feita pela Aeronáutica. Até o momento (ontem), não se
encontrou nenhum tipo de perfuração, mas é muito cedo ainda para qualquer
conclusão. A perícia vai levar mais tempo. Não se descarta nada.
Pode
ter havido falta de manutenção ou problema na condução da aeronave?
Tudo é possível. A
curiosidade de vocês também é a minha. Estamos ansiosos pela conclusão desse
laudo. A Polícia Militar me garantiu: a aeronave não levanta voo se tudo não
estiver em dia. Ou seja, em tese as manutenções estão todas em dia. A gente
precisa aguardar o laudo da perícia.
Em
relação às mortes na Cidade de Deus, as famílias dizem que alguns sofreram
facadas, outros estão sem roupas. O senhor tem informações sobre as
circunstâncias das mortes?
Ainda não. Já falei com o
delegado Rivaldo Barbosa, titular da Divisão de Homicídios, e tenho certeza de
que eles não vão deixar sem respostas essas mortes dessas pessoas que foram
encontradas na Cidade de Deus. Podem ter certeza, estamos aqui para preservar
vidas. Nenhum excesso será tolerado, nenhum excesso vai ficar impune. Eu confio
muito no trabalho da Divisão de Homicídios.
O
que iniciou os confrontos na Cidade de Deus?
No sábado pela manhã houve
denúncia e uma patrulha foi checar. Essa patrulha foi alvejada. A PM
estabilizou esse confronto sem presos. À tarde, houve novo confronto e a PM
acionou as aeronaves de apoio de tropa e a plataforma de observação (a que
caiu) porque a situação estava ficando séria. A notícia era de que traficantes
do Comando Vermelho tinham tentado invadir uma área de milícia. O setor de
inteligência acompanha essa instabilidade.
Fonte: Estadão-conteúdo –
Via Metropoles.com
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