À QUEIMA ROUPA. ENTREVISTA COM WILMAR LACERDA, SECRETÁRIO DE ADMINISTRAÇÃO.

Wilmar Lacerda

O último relatório de gestão fiscal mostrou que houve um recuo de meio ponto percentual no índice que mede gastos com pessoal em relação à Lei de Responsabilidade Fiscal. O que significa na prática? 

Que o GDF tem controle sobre suas contas, que a política de restrição do crescimento da folha e do aumento da receita fizeram com que a despesa de pessoal tivesse um crescimento menor, o que abriu margem para novas nomeações, inclusive a recomposição salarial de algumas categorias.

Desde o início desta gestão, o GDF tem adotado uma linha de restrição de gastos com servidores. É um discurso diferente da atuação histórica do Partido dos Trabalhadores fora do governo. Há incoerência?

Não. É verdade que nós queremos atender a reivindicação dos trabalhadores. Muito mais do que os trabalhadores, no entanto, é o conjunto da sociedade. Permitir que haja mais médicos, professores, que se melhore o atendimento do serviço público, é atender o conjunto dos trabalhadores. A despesa de pessoal, que em 2010 crescia 22% em relação ao ano anterior, é insustentável. Temos um Estado com despesa de R$ 18 bilhões de pessoal por ano e investimento de R$ 1 bilhão no mesmo período. Não podemos construir um Estado para o servidor público, precisamos construir um Estado para a sociedade. 

Os números demonstram que os patamares de salários de servidores do DF são mais altos que em outros estados, assim como o custo de vida também é mais elevado. Aqui se reclama de bolso cheio?

As necessidades humanas são ilimitadas e o salário médio do servidor público do DF é maior que a média nacional. Temos que remunerar bem o funcionário público para que preste bem o serviço à população. Mas não teremos condições de dar sustentabilidade de reajustes acima dos patamares do crescimento do país. Uma folha não pode crescer mais que a receita do Estado. 

Essa tentativa de equilíbrio entre receita e folha de pessoal foi o enredo de uma guerra empreendida entre o governo e determinadas categorias, como policiais e professores. Essa situação está apaziguada ou a tensão permanece em 2013?

O governador Agnelo determinou que administrássemos a despesa de pessoal dentro de níveis razoáveis para não ultrapassar o limite da Lei de Responsabilidade Fiscal. Medidas que tomamos em 2012 trouxeram a possibilidade de novas nomeações em áreas prioritárias. Saúde, segurança e educação terão recomposição salarial nos próximos três anos. Com isso, estamos buscando um diálogo para ter condições de prestar bons serviços com servidor motivado. 

Como ex-presidente do PT, acredita que o partido está bem contemplado dentro do governo, com seus devidos espaços na gestão Agnelo?

Acho que o PT precisa ter a compreensão da aliança que fizemos. Para que seja duradoura, é preciso ter espaço para o conjunto dos aliados. Como principal partido, o PT tem que dar sustentação ao governador e ao governo para que os aliados não fiquem insatisfeitos. Agregar, sem permitir a saída de um partido sequer é o nosso desafio. Se para isso for preciso ocupação de espaços do PT, essa é a consciência que temos de ter para preservar nosso governo. 

É a favor de manter a dobradinha com o PMDB de Filippelli em 2014?

Trata-se de uma aliança nacional que deu certo no Brasil e no DF. O vice Filippelli tem sido um aliado incondicional do nosso governador, vem dando demonstrações claras em todos os setores. Não podemos perder de vista essa aliança estratégica.

FONTE: Correio Braziliense, domingo 3 de fevereiro de 2013