quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Rocinha em guerra. Rio de Janeiro está sem controle

Marginais armados de fuzis “patrulham” as ruas da comunidade da Rocinha
Cerca de 4 mil alunos estão fora das salas de aulas no complexo da Rocinha, no Rio de Janeiro.

As operações da Polícia Militar em seis comunidades do Rio, cujo objetivo é o combate à ação de criminosos nessas áreas é realizado pelo Batalhão de Operações Especiais (BOPE), Batalhão de Choque (BPChq), além do Batalhão de Ações com Cães (BAC).

As incursões nas favelas acontecem um dia depois que as policias militar e civil estiveram na Rocinha, após um fim de semana de confrontos entre bandidos de facções rivais. Nas redes sociais circulam informações de que houve um toque de recolher. Além disso, ônibus e vans estão impedidos de entrar na comunidade. O transporte está sendo feito apenas por mototaxistas.


Segundo moradores, no fim da tarde desta segunda-feira, um ônibus repleto de criminosos chegou à comunidade para dar apoio aos traficantes locais, que tentam impedir invasão de bandidos uma facção rival. Os homens armados teriam vindo de favelas do Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio. O acesso dos criminosos teria sido feito pela Rua Um.

Traficante Nem ordenou invasão da Rocinha de dentro de presídio federal em Rondônia

A polícia diz que a ordem para invadir a favela da Rocinha, que vive dias de guerra entre traficantes, partiu de bem longe do Rio. Mais precisamente a 3,4 mil quilômetros, da capital de Rondônia, Porto Velho. Quem ordenou foi o traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem. Preso em presídio federal de segurança máxima, ele mesmo assim desafia as autoridades.

Nem não está satisfeito com o substituto dele no comando do tráfico. Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, é o mesmo criminoso que, em 2010, invadiu um hotel de luxo na praia de São Conrado. Ele acabou preso mas foi solto após uma decisão da Justiça em 2012.

Rogério age como um miliciano. Impõe a cobrança de taxas para o comércio. Domina a venda de gás, água mineral e carvão. Distribui sinal clandestino de TV a cabo e internet e também cobra pedágio de mototaxistas e motoristas de vans que circulam pela Rocinha.

Nessa guerra de bandido contra bandido, Nem tentou de longe frear Rogério e colocar um aliado no comando do tráfico na Rocinha, o que não deu certo.

Secretário admite falha

Só nesta terça o secretário de Segurança do Rio, Roberto Sá, falou da situação na comunidade – mais de 48 horas depois da guerra entre traficantes.

A Rocinha já tem policiais fixos desde 2012, quando foi instalada uma Unidade de Polícia Pacificadora. São 700 homens na unidade. No domingo (17), muitos não reagiram ao ver a disputa entre traficantes da mesma facção que acabou virando uma guerra dentro da comunidade.

As autoridades admitem que não houve uma reação para evitar que isso acontecesse, apesar de saberem dos planos dos bandidos.

“Eu cobrei do comandante-geral o que pode ter acontecido, porque havia notícias da inteligência dessa inquietação, dessa instabilidade com a possível racha daquela facção e com essa instabilidade que ocorreu”, disse o secretário.

O grupo de pelo menos 100 traficantes saiu do Morro do São Carlos, no bairro do Estácio, que também tem uma UPP, e foi até a Rocinha. Um percurso de 14 quilômetros, sem serem incomodados. O secretário acabou reconhecendo: houve falha.

Repercussão

Vários foram os comentários nas redes sociais. Alguns a favor da ação da polícia em não se meter nos conflitos dos bandidos e outros criticando o Estado pela inércia diante do caos. Veja abaixo um exemplo de comentário retirado das redes sociais:

“Essa guerra na Rocinha está apenas descortinando quão hipócrita é boa parte de nossa sociedade! Vários mortos, alguns queimados vivos, moradores baleados, moradores tendo seus carros roubados, casas invadidas, tendo seus bens destruídos, MAS... NINGUÉM, absolutamente NINGUÉM fala nada! Onde estão os artistas para fazer textão nas redes sociais (e olha que eles deveriam estar preocupados, pois vem da Rocinha a maior parte do pó que eles cheiram e da maconha que fumam)? Onde está o incompetente e omisso chefe da Comissão de DH da ALERJ? Onde estão as manifestações, ônibus queimados, moradores desocupados pedindo justiça? Onde está aquele advogadozinho de porta de cadeia que só aparece se a vítima for morta por agentes do estado? Onde ele está para ajudar as famílias dos mortos nessa guerra? Onde estão os policiólogos, sociólogos, maconhólogos com suas teses cretinas e estapafúrdias, falando daquilo que não sabe e não conhece? Sabem por que do silêncio? Porque não é a PM que causou tudo isso! Dessa vez não tem como colocar a culpa na Geni! Não foi a PM que matou ninguém (nem um ajudante de pedreiro) então isso não dá mídia, não dá Ibope e principalmente não da indenização para as famílias! Agora vemos todos atônitos verem mais de 60 vagabundos armados de fuzis patrulhando as ruas da favela, nossa que absurdo! Mas quando colocaram alguém lá que barrou essa putaria, armaram para ele e o tiraram de lá! Agora paguem o preço! E aguardem que vai ficar pior, em breve quando eles vierem para o asfalto! Quem Sobreviver... verá! Texto de Gilson Fernandes.”

Da redação, com informações do Extra e G1/RJ

Por Poliglota...

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