As cenas de traficantes
circulando fortemente armados pela favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, em
deslocamentos típicos de guerrilheiros urbanos, lançou ao país a realidade do
aparato bélico que abastece a criminalidade: potentes fuzis e metralhadoras. São
diversas as configurações, podendo se ver nas imagens os mais famosos, como
AR-15, M-16, AK-47, além de outras tantas armas de igual ou ainda maior poder
de fogo, pondo os criminosos em patamar superior ao da polícia - e talvez dos
próprios militares que entraram no confronto para tentar impor um pouco de
ordem à capital fluminense.
A questão revela um grande
paradoxo, pois todas essas armas, filmadas à exaustão, estão circulando
livremente justo no país que tem uma das legislações mais rígidas do mundo
quanto ao acesso às armas, não por outra razão apelidada de “Estatuto do
Desarmamento”. E mais paradoxal ainda é o fato de que foi justamente essa
legislação que contribuiu decisivamente para que isso ocorresse.
Não é novidade que não há no
Brasil um programa nacional de segurança pública, ou sequer diretrizes amplas
de efetivo combate ao crime. Até hoje, a única aposta nesse sentido foi a
restrição ao acesso legal às armas de fogo, numa política inaugurada em 1997,
quando, com a Lei nº 9.437, o porte ilegal de arma virou crime e andar
legalmente armado só era possível para quem demonstrasse “efetiva necessidade”.
Seis anos mais tarde, essa diretriz se consolidou e se robusteceu, com o
Estatuto do Desarmamento, verdadeiramente demonizando as armas de fogo legais e
buscando bani-las do país – o que só não ocorreu porque a população rejeitou a
ideia em referendo.
Por se cuidar de uma
legislação puramente assentada em ideologia, voltada a propósitos de
alinhamento a orientações da ONU, com ela se iniciou uma verdadeira cruzada
para tentar comprovar que reduzir as armas de fogo legalmente em circulação
diminuiria a violência. Caras campanhas de desarmamento viraram rotina, ao
mesmo tempo em que comprar ou manter uma arma dentro da lei se tornou hercúlea
tarefa. E, quanto mais não se evidenciava a redução criminal propagada, mais
esforço e dinheiro se despendia, em vão, para provar o contrário.
A receita era simples: criavam-se
enormes entraves para o cidadão se armar ou se manter armado, atribuía-se a ele
a responsabilidade pelos homicídios e, com isso, se o forçava a se desfazer das
armas que já tivesse. Todo o foco da aplicação da lei girava em torno disso, o
que funcionou muito bem para quem cumpre as leis. Afinal, para o cidadão comum,
ter uma arma depende de uma permissão legal. Se a lei permite, ele as compra;
se não permite, não compra ou mantem. O problema que parecem ter esquecido é
que isso não vale para os bandidos, que habitualmente infringem as leis em
crimes muito mais graves do que o mero acesso às armas.
Enquanto o Estatuto do
Desarmamento fez surgir no Brasil uma sanha persecutória às armas legais,
recursos – financeiros e estratégicos – deixaram de ser empenhados para coibir
a circulação das ilegais, que adentram em território brasileiro pelo tráfico
internacional e hoje estão municiando, dentre outros, os traficantes do Rio.
Perdia-se valioso tempo tentando convencer a população de que a arma do
criminoso era aquela que um dia foi vendida numa loja e depois roubada, e se
recusava a enfrentar o óbvio fato de que nenhum fuzil ou metralhadora jamais
passou por um estabelecimento comercial, ou mesmo que a quase totalidade deles
sequer tem produção nacional. Reconhecer o tráfico era uma verdade
inconveniente, que jogava por terra toda a narrativa ideológica
desarmamentista.
O Estatuto do Desarmamento,
assim, serviu – voluntariamente ou não – como uma enorme cortina de fumaça, sob
a qual os traficantes cariocas se escondiam para se armar de tudo que há de
mais moderno e letal, formando verdadeiros exércitos do crime. Hoje, mesmo
ícones desarmamentistas, como o deputado estadual fluminense Marcelo Freixo,
não conseguem mais evitar reconhecer a culpa do tráfico de armas pelo
abastecimento bélico dos morros cariocas. Só que agora é muito tarde para mudar
o discurso.
O tempo que o próprio
deputado, organizações não governamentais, especialistas midiáticos e o governo
perderam tentando culpar o cidadão que queria se defender pela violência foi de
providencial ajuda para os traficantes. Se não eram vistos como ameaças, não
eram combatidos, e o resultado disso dispensa qualquer genialidade para ser alcançado:
a situação saiu do controle.
O fato é que, ao mesmo tempo
que desarmava o indivíduo comum, a legislação desarmamentista camuflava a
chegada de mais e mais armas aos morros do Rio de Janeiro, e daí o caos que
hoje ali se vive. E o que mais assusta é perceber que ainda há quem se recuse a
enxergar essa realidade.
Fonte: cadaminuto.com.br
D fato sabemos que a segurança sempre foi tenue no Brasil. Especialmente após o segundo mandato do FHC e dos ex?guerrilheiros Petistas governos tudo saiu do controle do país, especialmente a segursegurança.
ResponderExcluirA colocação q seu blog faz é oportuna e temos que Vitalizar a questquestão para se, no minimo, debatida, discutida, tanto nas ruas qto no Congresso.