quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Ex-PM que vendia balinhas em ônibus em Brazlândia é reintegrado aos quadros da corporação no DF e vai continuar fazendo seu trabalho

O dia 18 no programa da Rádio Comunitária Livre FM, apresentado pelo subtenente da Polícia Militar João Hermeto, ex-administrador da Candangolândia foi carregado de emoções.

O programa trouxe a história do Cabo Marivandro, reformado da corporação há 13 anos atrás e desde junho do ano passado reintegrado novamente aos quadros da instituição, depois de muita luta e uma peregrinação de 142 idas ao comando geral da PM.

Segundo Marivandro, na época de sua exclusão as coisas dentro da corporação eram muito difíceis. Os códigos e regulamentos eram aplicados ao pé da letra sem dó e piedade. Qualquer deslize, por menor que fosse, era punido com rigor.

Nesse período Marivandro teve uma decadência muito grande. Se envolveu com o alcoolismo e isso passou a interferir diretamente no seu dia-a-dia como policial. Os atrasos e as faltas ao serviço acabaram por lhe custar punições uma atrás da outra, culminando com seu indiciamento e julgamento num Conselho de Disciplina (colegiado que decide pela permanência ou não da Praça na corporação), que optou pelo desligamento do mesmo das fileiras da corporação.

O fato caiu como uma bomba para Marivandro. As consequências do vício o levaram não só a perder o trabalho, mas também a própria família. Amigos o abandonaram e o que antes era pra ser um sonho de ascensão na carreira se transformou num enorme pesadelo. Sem chão e sem rumo, o agora ex-policial procurou ajuda psicológica e espiritual, caminhos que lhe restaram diante do quadro.

Acolhido por uma instituição beneficente (Comunidade Terapêutica Só Por Hoje) que trata dependentes químicos, Marivandro ao mesmo tempo em que se tratava retribuía o gesto vendendo “melzinhos e balinhas” dentro dos ônibus que circulavam dentro e para fora de Brazlândia como forma de sustento seu e de sua família. Em suas mãos carregava um par de coturno e contava sua história. Dizia aos passageiros “hoje vocês me veem carregando esse coturno nas mãos, mas amanhã, em Nome de Jesus, o verão novamente calçados nos meus pés, pois Deus é justiça”.

O tempo foi passando e Marivandro se converteu. O trabalho de caridade que fazia dentro dos ônibus para ajudar a instituição beneficente o transformou numa pessoa muito conhecida dentro da cidade. Brazlândia em peso reconhece a luta do “PM das balinhas”, como era conhecido.

Desejo de continuar o trabalho

Marivandro tinha um sonho, que ontem se transformou em realidade ao vivo: Continuar seu trabalho de caridade vendendo as balinhas dentro dos ônibus. Ao ser reintegrado às fileiras da corporação, as exigências foram de que essa atividade não poderia mais acontecer, sob risco de infringir os regulamentos e o pudonor da classe. Era uma barreira muito grande a ser ultrapassada pelo Cabo. A gratidão pela recuperação de sua vida dependeu exclusivamente da misericórdia de Deus e do acolhimento da instituição de caridade. Ele precisava dar prosseguimento para ajudar a tantas outras pessoas, assim como foi ajudado.

Os argumentos, do agora novamente policial Cabo Marivandro, não foram suficientes para convencer o Departamento de Pessoal da corporação. Mas, ao vivo, cobramos uma posição do Comandante Geral da Polícia Militar, coronel Nunes, que com toda sua autoridade, sapiência e espírito humanitário que sempre demonstrou, assumiu para si a responsabilidade de decisão e autorizou Marivandro a continuar seu trabalho, desde que em suas horas de folga e sem a utilização da farda.

O resto, não precisamos comentar.

Da redação,

Por Poliglota...

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